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Novidades

Inseri um link com as apresentações que uso em sala de aula. Confira no Menu > Filosofia > Slides ou diretamente em Slides

Fiz uma coletânea de pensamentos e fragmentos que acho interessantes. Está no bloco "Pensamentos", logo abaixo. No rodapé, você pode navegar pelas citações, como se fosse uma apresentação de slides, usando as setas para frente e para trás.

Dispoinibilizei as páginas do blog de viagens

O projeto

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O site tem quatro grandes áreas no menu:

  • Autorais (produções minhas, de assuntos variados)
  • Filosofia (suporte ao ensino médio)
  • GNU/Linux (uma coetânea de fragmentos que guardo para consulta)
  • Ditadura de 1964 (para que não se esqueça, para que não mais aconteça).

Um link para um blog de viagens, com lugares, curiosidades e algumas coisas que registrei nas minhas andanças.

O rodapé possui:

  • Uma caixa para pesquisa simples e link para pesquisa avançada
  • Mapa do site com todos os arquivos disponíveis

Todo o material autoral é coberto pela licença Creative Commons 4.0 Internacional. CC BY 4.0

O site usa HTML5 e CSS, sem nenhum CMS. Espero que tudo esteja funcionando!

Pensamentos

Octavio Paz, em ‘O Labirinto da Solidão’, diz que quando (Cristóvão) Colombo chegou, (os indígenas) não viram as caravelas... Elas estavam ali fundeadas, mas não havia cognição para poder representar cerebralmente uma imagem que era absolutamente incompatível com o quadro mental de uma cultura que não tinha elementos para visualizar... Por isso que os gregos diziam que ‘teoria’ significa ‘aquele que vê’, o ‘teores’, é ‘aquele que vê’... A gente só vê o que tem cognição pra ver... Eu não tenho como discutir com a deputada porque a sua visão de mundo, a sua percepção como cosmovisão, só lhe permite enxergar o que a senhora já tem escrito na sua cognição... Então a senhora vai ver não é o que existe, mas é o que a senhora recorta da realidade... A realidade é recortada por um processo de cognitivo de historicização... Então, eu não posso discutir um tema que contrapõe visão de mundo, concepção de mundo, entendeu?”

José Geraldo de Sousa Júnior

Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas.

Lucien Malson, in Les Enfants Sauvages

Há séculos temos sido alfabetizados pelo silêncio. O poder se reservou o exercício da palavra. Mais, o poder se reservou o monopólio da palavra. De tal modo que, por fim, o poder se fez palavra. E a palavra se fez poder sobre o silêncio dos vencidos

Pedro Tierra, in Perseu: história, memória e política

Deus está morto. E fomos nós que o matamos. Como havemos de nos consolar, nós, assassinos entre os assassinos? O que o mundo possuía de mais sagrado e mais poderoso até hoje sangrou sob nosso punhal - quem nos lavará desse sangue? Que água nos poderá purificar? Que solenes expiações, que jogos sagrados teremos que inventar? A grandeza deste ato não é demasiado grande para nós? Não teríamos que nos converter em deuses para sermos dignos de semelhante feito?

Nietzsche, in A Gaia Ciência

Na ditadura, desaparecidos os corpos, desapareciam os rastros da tortura: o reino da barbárie, que a pratica e apaga os seus registros para o presente e o futuro. O paradoxo: o rastro, o silêncio – (ausência) - sempre aponta para uma presença que nos visita e se atualiza (presente).

Aarão Reis e Denise Rollemberg, in Desaparecidos

Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de uma concepção fragmentada, incoerente, desarticulada, implícita, degradada, mecânica, passsiva e simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e cultivada.

Demerval Saviani, in Educação: do senso comum à consciência filosófica

Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã, e nós trocamos as maçãs, então você e eu ainda teremos uma maçã.Mas se você tem uma ideia e eu tenho uma ideia, e nós trocamos essas ideias, então cada um de nós terá duas ideias.

George Bernard Shaw

Qual é a utilidade da filosofia? Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; / se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; / se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; / se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; / se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, / então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.

Marilena Chauí, in Convite à Filosofia

Por falta de repouso nossa civilização caminha para uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto. Assim, pertence às correções necessárias a serem tomadas quanto ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo.

Nietzsche, in Humano, demasiado humano

O sujeito de desempenho está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia explorá-lo. É senhor e soberano de si mesmo. Assim, não está submisso a ninguém ou está submisso apenas a si mesmo. É nisso que ele se distingue do sujeito de obediência. A queda da instância dominadora não leva à liberdade. Ao contrário, faz com que liberdade e coação coincidam. Assim, o sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho. O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa auto exploração. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos. Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal.

Byung-Chul Han in A sociedade do cansaço

Companheira / Senti teus olhos na sombra como diamantes mudos,/ teus olhos aprisionados como passarinhos. / Guardei no peito teus olhos de madrugada rebelde,/ rompendo a noite dos corredores. / Tomei na sombra tuas mãos feridas como terra semeada / e aprendi o ódio dos escravos no instante que precede a revolta.

Pedro Tierra, in Poemas do Povo da Noite

O carnaval está sob ataque faz tempo: os higienistas da casa grande querem eliminá-lo, os tubarões do mercado querem gentrificá-lo, os mercadores da fé querem atrelá-lo ao imaginário do pecado. O Brasil não inventou o Carnaval, é certo. Mas o povo do Brasil vivenciou de tal forma o Carnaval (na pluralidade de suas manifestações) que ocorreu o inverso: foi o Carnaval que inventou um país possível e original, às margens do projeto de horror que historicamente nos constituiu. É perturbador para certo Brasil – individualista, excludente, sisudo, inimigo das diversidades, trancafiado – lidar com uma festa coletiva, inclusiva,alegre, diversa e rueira. Tenso e intenso, como lâmina e flor, o Carnaval assusta porque nos coloca diante do assombro da vida.

Luis Antônio Simas

O súdito ideal do governo totalitário não é o nazista convicto nem o comunista convicto, mas aquele para quem já não existe a diferença entre o fato e a ficção (isto é, a realidade da experiência) e a diferença entre o verdadeiro e o falso (isto é, os critérios do pensamento).

Hannah Arendt, in As origens do totalitarismo.

O bolsonarismo não é um sistema filosófico, é uma seita religiosa com um líder miliciano. / Não busca justiça, age por vingança. / Não tem proposta, faz protesto. / Não confia na força da lei, mas na lei da força. / Não tem adversários, mas inimigos. / Valoriza mais a polícia que a política.

Frei Beto