A ideia do projeto
A ideia aqui é detalhar o processo que eu fiz para produzir minhas cervejas em casa. Gastei um tempo vendo muitos vídeos produzidos durante a pandemia. Existem muitos conceitos envolvidos no processo de fazer cerveja artesanal. Volumes que vão desde 5L até "artesanais industriais" produzindo milhares de litros, tudo automatizado, mas que querem dizer que possuem uma alma artesanal. Concepções as mais diversas, envolvendo equacionar custos, insumos, métodos, equipamentos, gerando um horizonte muito diverso. Neste meio tempo, aparecem os influencers revendendo produtos comprados em lojas maiores, muitos cervejeiros ditando regras, levando em conta as próprias experiências e querendo, a todo custo, convencer os demais que são referências no assunto. Ao lado destes, temos professores (de formações variadas, formações e titulações envolvendo de graduação à PhD, nas áreas de biologia, química, bioquímica ou engenharia de alimentos) esgrimando conhecimentos e situações de performance buscando otimizar cada elemento envolvido no processo de produção de cerveja. Casos envolvendo situações práticas e corriqueiras, confrontadas ao lado de estudos muito avançados de bioquímica e produção industrial de cerveja. O saldo disto tudo? O que não falta é sugestão de como fazer a mesma coisa, por caminhos diversos e com resultados igualmente dispostos. E ainda não colocamos o componente custo, o que torna exponencial a quantidade e qualidade dos resultados possíveis.
Dito isto, qual a relevância da minha experiência?
Não é o melhor projeto, nem o mais eficiente e nem o mais barato. Mas somente o que EU fiz. A ideia do registro é poder compreender melhor o processo como um todo e, compartilhar com quem queira se aventurar neste caminho. Fica como um passo a passo para quem quiser começar. Todo o "setup" envolve tomada de decisões (custo, praticidade, frete para Almenara [acredite, este é um limitador forte para a minha situação], a casa onde estou só tem 110v e muitas outras condições concretas que entram na equação.
Parâmetros gerais (Meta decisões)
Volume de produção (10L)
Volumes menores são consumidos mais rápido e permitem correções a curto prazo (sempre pra frente, o que ficou ruim neste lote, não tem como corrigir! Mas podemos aprender com isto e melhorar da próxima vez!;)
Limpezas e sanitizações são mais fáceis, já que os equipamentos são menores;
Manipular 10L + peso do malte (~2kg) é muito mais suave que manipular 20L + ~5kg. Minha condição física não tem como mudar, mas o esforço no processo, sim;
Volumes maiores demandam mais tempo para conseguir as temperaturas de aquecimento, fervura e resfriamento;
Comercialmente, as receitas ou kit de receitas e as leveduras (ainda não estou considerando o reaproveitamento), são geralmente para 20L. Penso que 10L vai me dar uma certa flexibilidade no fracionamento.
Comprei 20kg de maltes, três pacotes de lúpulos de 50g cada e três pacotes de leveduras, tipo Kweik, as que trabalham em temperaturas ambiente.
Aquecimento: resistência por imersão
Eficiência energética do aquecimento por resistência é muito superior quando comparada com o uso do gás. Patamares equivalentes exigem equipamentos semi industriais, com queimadores que suportam maior vazão de gás ("caga fogo");
Aquecimentos elétricos são mais controláveis do que aquecimentos por gás, através de controladores elétricos, com rampas de temperatura e tempo de aquecimento/fervura do mosto;
Automatizações podem ser modulares e incorporadas ao equipamento em fase posterior;
Montei um painel de controle (disjuntor + sinalizadores) Consigo monitorar de forma mais precisa o processo e as temperaturas. Foi uma decisão acertada.
Fermentação
Considerada por muitos como o coração do processo de cerveja, vou tentar fazer em dois momentos. Num primeiro, tentando fermentar na temperatura ambiente, ou com uso de resfriamento parcial, sem um controle efetivo de um equipamento. Nesta fase, estou priorizando a ausência de contaminação e uso de leveduras com temperaturas de trabalho mais altas. No segundo momento, um refrigerador específico vai entrar na conta. Por enquanto, optei por usar um recipiente com as características:
- Hermético com tampa de rosca isolado do meio ambiente (vou adaptar galões de leite, do tipo plástico);
- Boca grande para facilitar a higienização e eventual centrifugação dos resíduos
- Instalação de sistema airlock ou blow off para liberação de CO2 e bloqueio do retorno de qualquer gás para o interior da fermentação. Para isto, optei por instalação na lateral do equipamento para diminuir a altura e melhorar acomodação em espaços menores;
- Uma refrigerador usado está no horizonte. Mesmo que consiga as fermentações em temperaturas ambiente, o processo de clarificação e maturação fica bem comprometido sem uma câmara de refrigeração.
Envase
Vou começar com envase em garrafas de vidro com uso de válvula de envase;
O uso de garrafas implica em investir em garrafas, tampinhas e algum tipo de arrolhador. Mas acredito que pode ser mais eficiente. Não tenho clareza disto!
Em um segundo momento quero usar os Growlers, dada a sua natureza de ser 100% reutilizável e mais apropriado para a conservação. Se tiver sucesso, ficarei com este modelo de armazenamento final;
Tive muito trabalho para limpar as garrafas que comprei. O resíduo no fundo das garrafas é de difícil remoção. Usei água quente, detergente e uma escova de nylon. O que ainda não havia sido removido, foi limpo com o uso de uma furadeira + haste de arame torcido e esponja de aço.